Tecnifisio Lagos – Fisioterapia Multidisciplinar

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O conceito de “pernas muito alargadas e dolorosas”, é conhecido como Lipedema
desde 1940.

O lipedema é causado por um distúrbio do sistema endócrino, contando também com uma forte predisposição genética. É predominantemente um distúrbio crónico do tecido adiposo, quase exclusivamente da mulher, que se caracteriza pela acumulação excessiva de gordura nas pernas, e por vezes, também nos membros superiores. Mais especificamente, resulta num acúmulo bilateral e simétrico de gordura nas pernas, geralmente até aos tornozelos, formando uma prega cutânea característica muito marcante que delimita em relação ao pé. (Wounds Uk, 2017)

Pouco se sabe sobre a fisiopatologia do lipedema, havendo evidência pouco conclusiva (Tomson 2019). Contudo, as principais alterações fisiopatológicas parecem ser: fibrose, linfedema, redução da mobilidade e dor (Kruppa et al 2020).

Quais são os sintomas?

Podem existir vários sintomas, no entanto destacam-se os mais comuns:
• Acúmulo de gordura simétrico nas pernas, excluindo os pés;
• Dor constante e sensibilidade ao toque nas áreas afetadas;
• Contusões frequentes e nódoas negras espontâneas devido à fragilidade vascular;
• Sensação de peso e fadiga nas pernas;
• Pernas frias (Wound Uk, 2017)

Quando pode aparecer?

Apresenta-se pela primeira vez durante a puberdade, embora o uso de contracetivos orais, gravidez e a menopausa também parecerem ser desencadeadores da acumulação característica de tecido adiposo. (Wounds Uk, 2017)

Lipedema

Lipedema, Linfedema e Obesidade: São sinónimos?

Embora seja frequentemente confundido com obesidade ou linfedema, o lipedema é uma condição distinta que requer compreensão e atenção adequadas. A obesidade é uma doença crónica multifatorial que tem uma forte componente associada à alimentação e estilo de vida, ao contrário do lipedema. Também se distingue do linfedema primário, pela ausência do sinal positivo de stemmer- quando não se consegue apertar uma prega da pele da articulação basal dos dedos, dos pés ou das mãos. (Wounds Uk, 2017)

Existe um diagnóstico?

Geralmente, deve ser realizado por um médico especialista como um cirurgião vascular, que fará uma avaliação física detalhada e uma revisão no processo clínico do paciente. Poderão ser feitos exames de imagem como a ecografia (Amato, 2021) e ressonância magnética (Cellina M, 2020) para outras condições serem descartadas e desta forma ser confirmado o diagnóstico de lipedema.

Existe cura?

Embora não haja cura para o lipedema, existem várias opções de tratamento disponíveis no sentido de controlar as alterações fisiológicas, de forma a tentar minimizar as consequências e também melhorar a qualidade de vida.

Qual é o tratamento mais adequado? A Fisioterapia pode ajudar?

O tratamento do Lipedema tem como objetivos:

• Minimizar problemas secundários
• Minimizar o impacto na capacidade de realizar atividades diárias
• Aumentar a capacidade de autogestão da condição
• Melhorar o bem-estar psicossocial
• Reduzir a probabilidade de progressão para o lipolinfedema.

Se já tiver evoluído para lipolinfedema, o tratamento deve ser delineado de forma a reduzir a gravidade da condução e o risco de infeção (Wounds uk, 2017). A Fisioterapia tem um papel preponderante em casos de lipedema, pois previne a evolução da doença, melhora os sintomas e por sua vez otimiza a qualidade de vida do utente, podendo recorrer a várias técnicas e procedimentos como terapia física, exercícios específicos, drenagem linfática manual, pressoterapia e aconselhamento de contenção elástica (Wounds uk, 2017).

Fará sentido a intervenção de outros profissionais?

A complexidade dos problemas enfrentados pelos pacientes requer cuidados multidisciplinares e interdisciplinares com enfâse no apoio de autogestão da doença crónica, identificando metas realistas e gerenciar expectativas. Embora não haja relação entre a dieta e a cura do lipedema, sabe-se que uma alimentação saudável pode melhorar a gestão do peso e da inflamação associados à condição (Tood 2010), sendo a intervenção do Nutricionista um fator a considerar no processo de tratamento.

Em casos graves, estadios avançados e quando não existem resultados relevantes após o tratamento convencional, pode ser considerada a avaliação por parte de um cirurgião especialista, que esteja inserido numa equipa multidisciplinar, de forma a realizar uma lipoaspiração- procedimento cirúrgico que elimina o excesso de tecido adiposo localizado no corpo, através de aspiração, melhorando a aparência estética (Wounds UK, 2017). Contudo, é contraindicado para alguns casos, pelo que deve ser reforçado a importância do contexto multidisciplinar e de outras vias de tratamento menos invasivas, como primeira linha de tratamento.

Referencias Bibliograficas:

Amato, et al Integrated Treatment of Breast Cancer – related Lymphedema: A Descriptive Review of state of the Art, Anticancer Research 2021

Cellina M, et al Non-contrast MR Lymphography of lipedema of the lower extremities, Magn Reson Imaging 2020

Kruppa et al Lipedema – Pathogenesis, Diagnosis, and Treatment Options, Dtsch Arztebl Int. 2020

Tood, Lipoedema: presentation and managemente. Br J Comm Nurs 2010
Tomson, et al Lipedema: A Call to Action! Obesity, Silver Spring, 2019

Wounds UK, Best Practice Guidelines: The management of Lipoedema. London: Wounds UK 2017