Tecnifisio Lagos – Fisioterapia Multidisciplinar

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Epidemiologia e introdução

O Síndrome de Intestino Irritável (SII) é uma doença crónica do tubo digestivo (intestino delgado e/ou cólon) que afeta 9,2% da população mundial. Pessoas com SII tendem a ter vários desarranjos funcionais e limitações da sua qualidade de vida. Apesar da sua prevalência, o mecanismo do SII não é totalmente compreendido, tendo uma origem multifatorial – alterações na motilidade, sensibilidade e imunidade gastrointestinal, alterações na relação neurológica cérebro-intestino e questões psicológicas (Collins et al., 2001; Florance et al., 2012; Müller et al., 2014).

Sintomas

O sintomas caracterizam-se por desconforto abdominal associado a alterações dos hábitos intestinais, tais como: diarreia, obstipação, aumento da frequência de defecação, urgência em defecar, sensação de defecação incompleta, dificuldade em defecar, fezes com aspeto anormal, passagem de muco, inchaço abdominal, gases (Müller et al., 2014, Volmer, 2018).

Causas

Parece que disfunções na interação sensório motora pode causar os sintomas do SII, sendo pouca a evidência que corrobore a teoria. 

Fatores que afetam a função luminal do intestino como alimentação, inflamação e bactérias intestinais e stress psicológico aparentemente afetam a motilidade gastrointestinal e a sensibilidade visceral de indivíduos com SII (Müller et al., 2014).

Diagnóstico

O diagnóstico é realizado através de um questionário – Critérios de Roma IV (Defrees, & Bailey, 2017).

Tratamento habitual

A terapia convencional envolve o sistema nervoso motor, sensorial ou central gastrointestinal, e passa por prescrição de medicação e alteração da dieta, devendo a mesma ser acompanhada e prescrita por um Nutricionista (Hundscheid et al., 2007; Müller et al., 2014).

Medicação prescrita: antiespasmódicos, antibióticos, laxantes, antidiarreicos ou antidepressivos (Müller et al., 2014).

Dieta: rica em fibra, redução da lactose, agentes de volume. A dieta low FODMAPs também demonstra ser um componente eficaz do tratamento da SII (Hundscheid et al., 2007; Manning et al., 2020). 

A osteopatia

A osteopatia é uma abordagem complementar que considera o corpo como um todo, com especial foco no sistema musculoesquelético, sendo um dos princípios desta terapia a interrelação entre estrutura-função. Considera-se que quando o movimento e a mobilidade são desimpedidos nas estruturas e tecidos é promovida a saúde e a auto-regeneração do corpo (Hundscheid et al., 2007; Müller et al., 2014).

Através de examinação palpatória e testes de mobilidade, o osteopata verifica se existem restrições de movimento e alterações na textura e tónus dos tecidos, que podem ser relevantes para os sintomas do paciente (Hundscheid et al., 2007; Müller et al., 2014).

O tratamento consiste em movimentos suaves de alongamentos, mobilização e manipulação de tecidos e estruturas, podendo ser aplicado a várias áreas com corpo, incluindo os componentes musculoesquelético, visceral e sacrocraniano (Hundscheid et al., 2007; Müller et al., 2014).

Evidência científica

Um estudo randomizado de 2007 concluiu que a osteopatia é um complemento promissor no tratamento do SII, tendo 68% dos pacientes melhorado após a intervenção (Hundscheid et al., 2007).

Um estudo randomizado de 2012 aplicou técnicas osteopáticas aos pacientes a cada 7 dias. Concluiu-se que o tratamento osteopático melhora a severidade dos sintomas de SII e o seu impacto na qualidade de vida, tendo melhorado os sintomas em 33,7% da sua severidade após a 1ª sessão, e 25,5% após a 2ª sessão. Houve alguma melhoria no estado psicológico, e a satisfação dos pacientes com os resultados foi de 70% (Florance et al., 2012).

Uma revisão sistemática de 2014 conclui que a evidência da efetividade da osteopatia é ainda preliminar e mais estudos são necessários e com amostras maiores, apesar dos resultados aparentemente positivos no tratamento desta patologia (Müller, et al., 2014).

Referências

Collins, S. M., Piche, T., & Rampal, P. (2001). The putative role of inflammation in the irritable bowel syndrome. Gut49(6), 743–745. https://doi.org/10.1136/gut.49.6.743

Defrees, D. N., & Bailey, J. (2017). Irritable Bowel Syndrome. Primary Care44(4), 655–671. https://doi.org/10.1016/j.pop.2017.07.009

Florance, B.-M., Frin, G., Dainese, R., Nébot-Vivinus, M.-H., Marine Barjoan, E., Marjoux, S., Laurens, J.-P., Payrouse, J.-L., Hébuterne, X., & Piche, T. (2012). Osteopathy improves the severity of irritable bowel syndrome: A pilot randomized sham-controlled study. European Journal of Gastroenterology & Hepatology24(8), 944–949. https://doi.org/10.1097/meg.0b013e3283543eb7

Hundscheid, H. W. C., Pepels, M. J. A. E., Engels, L. G. J. B., & Loffeld, R. J. L. F. (2007). Treatment of irritable bowel syndrome with osteopathy: results of a randomized controlled pilot study. Journal of Gastroenterology and Hepatology22(9), 1394–1398. https://doi.org/10.1111/j.1440-1746.2006.04741.x

Manning, L. P., Yao, C. K., & Biesiekierski, J. R. (2020). Therapy of IBS: Is a low FODMAP diet the answer? Frontiers in Psychiatry11, 865. https://doi.org/10.3389/fpsyt.2020.00865

Müller, A., Franke, H., Resch, K.-L., & Fryer, G. (2014). Effectiveness of osteopathic manipulative therapy for managing symptoms of irritable bowel syndrome: a systematic review. The Journal of the American Osteopathic Association114(6), 470–479. https://doi.org/10.7556/jaoa.2014.098

Volmer, M. (2018, January 26). Can osteopathy help IBS symptoms? Fatigue to Flourish. https://fatiguetoflourish.com/can-osteopathy-help-irritable-bowel-syndrome-ibs/