Tecnifisio Lagos – Fisioterapia Multidisciplinar

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A coluna vertebral apresenta curvas fisiológicas ditas normais, designadas:

  • Cifose (curva para fora) na região torácica
  • Lordose (curva para dentro) ao nível da região cervical e lombar. 

Quando estamos perante uma escoliose, para além das curvas fisiológicas faladas anteriormente, é possível observar um desvio lateral da coluna.

A escoliose trata-se de uma alteração na forma normal da coluna, na qual se observa uma inclinação lateral e rotação axial das vertebras. A deformidade considera-se significativa e relevante quando o seu ângulo (ângulo de Cobb) é superior a 10 graus, causando uma diminuição das curvaturas fisiológicas da coluna vertebral.

A escoliose na grande maioria dos casos é idiopática, o que significa que não existe ou não é possível encontrar uma causa para esta alteração. Embora se saiba que o fator hereditário pode estar associado ao aparecimento desta deformidade. 1,2,3

 A escoliose ocorre em crianças e adolescentes aparentemente saudáveis nas fases de crescimento repentino e rápido, e progride até atingirem a idade adulta. Geralmente os sintomas podem ser observados entre os 10 e os 15 anos, em ambos os géneros, no entanto o feminino está associado a um maior risco da progressão da curvatura. A probabilidade de a escoliose progredir é tanto maior, quando mais tempo faltar para o término do crescimento. 4 

QUESTÕES FREQUENTES

A escoliose provoca dor? Quais são os sinais e sintomas?

Numa fase inicial quando a deformidade é ainda pequena e de progressão lenta, o organismo consegue adaptar-se e a escoliose não provoca dor. No entanto, à medida que o ângulo da deformidade aumenta, aumenta também a probabilidade de surgirem sintomas, pois as estruturas articulares e os tecidos moles começam a ter dificuldade em desempenhar as suas funções. 1,2,3,4


Nos casos em que a deformidade é maior na região do tórax pode ter consequências ao nível do sistema cardíaco e respiratório. Por outro lado, quando acentuada na região lombo-pélvica pode comprometer a função digestiva, uro-ginetal, provocando problemas de disfunção sexual, dificuldade na conceção, gravidez e parto. 3,4

Podemos corrigir a escoliose se nos começarmos a sentar com as costas direitas?

Não. Não é possível corrigir a escoliose alterando apenas a forma como se senta. A realização de um programa de tratamento global é fundamental. 

Para além disso, a escoliose trata-se de um problema multifatorial, pelo que o seu tratamento também o deve ser. Adotar uma postura correta ao sentar vai ajudar, visto que os exercícios posturais representam uma estratégia de tratamento fundamental, contudo o tratamento terá de ser sempre individualizado. 

A natação reduz a escoliose?

Não existe na literatura evidência que comprove que a natação reduz a escoliose. Podemos afirmar que isoladamente a natação não é um tratamento eficaz para a escoliose, o que não significa que uma pessoa com escoliose não possa nadar. 

A escoliose pode aumentar com a idade?

Sim. 

Sabe-se que o aparecimento da escoliose está relacionada com a fase de crescimento, no entanto não se verifica que a condição pare de progredir quando o adolescente chega à vida adulta. Pelo contrário. 

Hoje sabe-se que a escoliose pode continuar a aumentar na idade adulta, e que isso é tanto mais provável quanto maior a curva existente. Isto acontece, porque no processo normal de envelhecimento os ligamentos da coluna ficam mais fracos, promovendo uma menor estabilidade da coluna e desta forma piorando a deformidade característica da escoliose.  Por este motivo, os estudos revelam que 30% da população com mais de 60 anos tem escoliose contra somente 3% dos adolescentes. 5

O diagnostico precoce pode fazer a diferença?

Sim. 

O diagnóstico precoce é essencial para evitar a possível progressão da escoliose e obter um melhor prognóstico. 1,2,3,4

Posso corrigir a minha escoliose utilizando um colete?

Esta é uma questão pertinente e controversa, que tem sido objeto de muito estudo. Segundo a literatura, os coletes  parecem reduzir a progressão da escoliose em 70 a 80% dos casos. No entanto, para alguns profissionais de saúde ainda existe a premissa de que as ortoteses vertebrais não são eficazes. 

A verdade é que, nos ultimos anos, a tecnologia destes aparelhos tem evoluído. As órtoteses mais antigas eram desenhadas apenas para manterem a coluna na posição escoliotica, e portanto eram pensadas apenas para prevenir a progressão da curvatura e não para melhorar a mesma. Hoje em dia, já existem coletes que procuram alinhar a coluna na direção oposta, contrariando a curvatura existente e promovendo a postura “normal”. 6 

Manipular as vertebras diminui a escoliose?

A manipulação vertebral de forma isolada não apresenta resultados significativos na redução da escoliose.

 Este tipo de técnicas vão certamente melhorar a mobilidade da coluna e ajudar no alívio da dor, tal como se verifica em pessoas que não apresentam escoliose, mas cuja mobilidade da coluna vertebral, por qualquer outra razão, se encontra comprometida. 

Qual a melhor abordagem para o tratamento da escoliose? Será a cirurgia o única opção?

Segundo a evidência científica as únicas abordagens, não cirúrgicas, que demonstram ser clinicamente eficazes no tratamento da escoliose são os programas com base em exercícios de reeducação da postura e o uso de órtotese vertebral. Também, segundo os estudos mais recentes, as metodologias baseadas no exercício demonstram melhores resultados na qualidade de vida dos pacientes, relativamente apenas ao uso de colete de correção. 6
Posto isto, a fisioterapia pode e deve fazer parte do tratamento dos indivíduos com escoliose pois ajuda a melhorar a mobilidade e função dos mesmos.

Nos casos mais graves é recomendada cirurgia, tendo como indicador um ângulo de curvatura de pelo menos 50º, pois apresenta um elevado risco de progressão para a idade adulta. 

Planos de tratamento com base em exercícios de correção postural e utilização de colete de correção apresentam resultados clinicamente eficazes em casos de escolioses com um ângulo de curvatura entre os 20º e os 60º, por outro lado curvaturas com ângulos entre os 10º e os 20º, que representam um risco de progressão menor, devem ser tratadas exclusivamente com exercicios especificos de correção da escoliose. 1,3


O meu filho/a pode vir a desenvolver escoliose se utilizar mochilas muito pesadas?

Mochilas demasiado pesadas não são benéficas para a coluna e postura das crianças, contudo não estão na origem do desenvolvimento da escoliose. Todavia, provocam outro tipo de alterações e problemas músculo-esqueléticos, que muitas vezes estão na origem de dor nas costas. 1,2,4.

Referencias Bibliograficas:

1 – Negrini S. et al., 2016 SOSORT guidelines: orthopaedic and rehabilitation treatment of idiopathic scoliosis during growth.Scoliosis Spinal Disord. 2018 Jan 10;13:3.

2 – Berdishevsky H. et al., Physiotherapy scoliosis-specific exercises – a comprehensive review of seven major schools. Scoliosis Spinal Disord. 2016 Aug 4;11:20.

3 – Schreiber S, Parent EC, Hill DL, Hedden DM, Moreau MJ, Southon SC. Patients with adolescent idiopathic scoliosis perceive positive improvements regardless of change in the Cobb angle – Results from a randomized controlled trial comparing a 6-month Schroth intervention added to standard care and standard care alone. SOSORT 2018 Award winner. BMC Musculoskelet Disord. 2019 Jul 8;20(1):319.

4 – Negrini S, Minozzi S, Bettany-Saltikov J, Chockalingam N, Grivas TB, Kotwicki T, Maruyama T, Romano M, Zaina F, Braces for idiopathic scoliosis in adolescents.Cochrane Database Syst Rev. 2015 Jun 18;(6).

5 – Weiss et al., Scoliosis bracing and exercise for pain management in adults—a case report. J Phys Ther Sci. 2016 Aug; 28(8): 2404–2407.

6 – Yu Zheng, MD PhD et al,. Whether orthotic management and exercise are equally effective to the patients with adolescent idiopathic scoliosis in Mainland China? – A randomized controlled trial Spine (Phila Pa 1976) 2018; 43 (9): E494-E503.

7 – Woggon D, Woggon A, Chong S. Developing a scoliosis-specific chiropractic protocol: preliminary results from 140 consecutively-treated scoliosis cases. The American Chiropractor, Dec 2013; 35(12):16-22.